sábado, 19 de janeiro de 2008

Diário Íntimo


Excertos do "Ensaio" de Sarah Lowe em "O Diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo", editado no Brasil pela José Olympio.


Ao longo da história, homens e mulheres têm narrado as suas vidas, marcadas pelo tempo que lhes tocou viver ou por momentos específicos. Em contraste, o tema predominante do “diário íntimo” e, em especial, no Diário de Frida Kahlo, é ela própria. Os motivos da artista nada têm a ver com a comunicação e sim com o intuito de estabelecer uma relação consigo mesma. Assim, o enigma – Para quê escrever, se mais ninguém há de ler o escrito? – deixa parcialmente respondido.

O fato de Frida Kahlo incluir parte da sua obra gráfica no seu diário pessoal converte a este último numa peça quase única entre os “jornais íntimos” dos que se têm conhecimento. Esta coleção de imagens difere do típico caderno de esboços de artista, habitualmente utilizados para guardar traços preliminares de obras posteriores, ou melhor, para pôr em formato reduzido a solução de quadros maiores. Só numa ocasião a pintora transformou um desenho realizado a tinta, incluído no diário, num quadro em grande escala. E diferente dos outros, Frida Kahlo deixa de lado os acontecimentos quotidianos e expressa no seu diário – como Virgínia Woolf – uma marca de sentimentos (e imagens) que não se encontra em mais nenhuma outra parte. Desta maneira, estas páginas deverão ser contempladas com uma certa perplexidade já que o retrato que ela faz de si mesma, neste caso, constitui tanto na cor como nas linhas, a prosa e a poesia – a imagem da artista sem máscara.

Quase todas as ilustrações do Diário foram efetuados de forma espontânea. Para ela são janelas que lhe permitem penetrar no inconsciente, imagens que ela moldava diretamente e, continuamente, elaborava. Depois de garatujar com total liberdade, Frida punha o seu ser racional (ou ao menos, parte dele) mãos à obra, e partindo de sua extensa bagagem de imagens, reais e imaginárias, as figuras biomorfas convertem-se em rostos, partes do corpo humano, animais e paisagens. O seu poço visual era profundo, alimentado por uma voracidade na leitura, hábito que a artista cultivou durante os seus largos períodos de convalescência.

Frida Kahlo escreveu o seu Diário durante os últimos dez anos da sua vida e documentou nele a sua deteriorização física. As feridas registram-se esporadicamente, o que torna difícil estabelecer uma terrível progressão – regressão – à medida que a artista enfrenta a solidão e o terror que lhe produzem as suas enfermidades. (...) O Diário reflete a sua incansável luta na busca de soluções em seu sofrimento, a sua resignação às prescrições dos médicos, assim como o seu freqüente estoicismo ante os contínuos fracassos.

Agradeço a Christopher, por me mostrar que esse maravilhoso caderno-livro-diário existe...


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Notas para Alecxandro... ou a história de um amor.

Esse é o caderno de meu amor por Alecxandro.


Nele, estão todos os bilhetinhos deixados em cima da mesa do café ou na porta da geladeira...

Ali estão aniversários e cinemas, almoços, livros e viagens...


Estão algumas histórias para não esquecer...

Também estão todas as cartas que recebi dele enquanto estava sozinha em Portugal, entre 2003 e 2004...


Também está o recibo de postagem de quando chegou a nossa aliança de noivado, porque a gente noivou por correio e por telefone!

"Por isso agora estou enroscada no meio dos teus braços, para que tu me protejas do medo que tenho de ti..."

Márcia Sousa

O caderno quadrado-verde de Carol... No books ever ends...


Segue outro texto de Carol...


Este foi o terceiro, já com a sua marca na contracapa, (o primeiro não tinha).
O segundo caderno está cheio das aulas de língua japonesa, e eu emprestei a uma amiga, portanto quando ele retornar à casa eu envio as fotos.
Este eu usei para estudar as materias de massoterapia, como ele ficou muito pequeno para continuar usando para teoria de yin e yang, continuei na metade do caderno até o fim, com as minhas coleções de textos e cartas.


Em especial, copiei o poema final do livro do Roal Dahl, The Giraffe and the Pelly and me (A girafa o pelicano e eu), que transcrevo aqui e que faz total rima com o seu propósito dos cadernos afetivos:

We have tears in our eyes
As we wave our goodbyes
We so loved being with you we three

So do please now and then
Come and see us again
The Giraffe and the Pelly and me

All you do is to look
At a page in this book
Because that´s where we always will be

No book ever ends
when it´s full of your friends
the Giraffe and the Pelly and me

Carol Chuman

Um caderno para Carol


Segue aqui o texto de minha querida amiga-irmã Carolina Chuman, portadora de cadernos afetivos...

Carol mora em São José dos Pinhais, perto de Curitiba. Conhecemo-nos desde 1997...

E
ste caderno foi o primeiro que eu tive o prazer de ter... agora você vai ter que me ajudar, porque não recordo se eu o comprei ou você me deu... Lembro de ter te pedido um caderno para que eu pudesse desenhar, guardar coisas importantes e principalmente manter um registro das coisas que eu lia, leio e copio...

[Também não me lembro se este caderno foi presente, ou se você o comprou... Isso deve fazer o quê... uns 7, 8 anos?! hehehe!]


E este caderno foi acontecendo, primeiro ele me acompanhou em todo o processo da minha saída da casa dos meus pais, minhas primeiras idéias de pintura para marca-páginas, excertos de textos que li, curiosidades como as 7 maravilhas do mundo antigo (a grande pirâmide, os jardins suspensos da Babilônia, o templo de Diana em Éfeso, a estátua de Zeus Olímpio, o mausoléu de Halicarnasso, o colosso de Rodes e o farol de Alexandria) caso você tenha ficado curiosa! HAHAHAH!

[Também tenho textos copiados à mão, sobre as Sete Maravilhas do Mundo, hahahaha!]


Fiz os meus primeiros esboços de aula particular de desenho e pintura, e ele me acompanhou às aulas no Unicenp! Desde a entrevista até receitas de cores para cerâmica e temperatura ideal para vitrificação.


Depois, à guisa de um álbum ideal, e note que neste instante da minha vida estava me sentindo muito solitária, porque todos vocês, meus melhores e amados amigos estavam indo para longe! Você para Portugal, a Cris para Londres, o Chris para Criciúma, e então colei nele as cartas dos amigos, os textos que você me presenteava no MAC e tudo o que me lembrava de vocês, para quando a saudade batesse e eu deixasse, me trancava em meu pequeno quarto e chorava para depois sair mais equilibrada e aliviada...

Carol Chuman